Resumo
A arquitetura é uma prática espacial de domínio maioritariamente terrestre. A disciplina tem vindo a construir um corpo de conhecimento alicerçado nas forças e dinâmicas do espaço terra, como o são a gravidade e a atmosfera respirável.

Esta forma de conhecimento encontra uma das suas fronteiras espaciais e disciplinares na linha sensível da costa, onde a terra se encontra com o mar. A água, matéria líquida e fluida que preenche o grande espaço a que chamamos oceano, exige uma alteração no modo como nos aproximamos, movemos, representamos e pensamos o espaço.

Apropriando-me do conceito de “conhecimento situado” de Donna Haraway, e considerando que o trabalho do arquiteto carrega em si um viés terrestre quando olha para o mar, nesta sessão SHARE irei expor alguns dos desafios metodológicos e disciplinares com que me tenho deparado na minha investigação de doutoramento que estuda o modo como os ecossistemas marinhos, nomeadamente as algas, podem informar a cultura construtiva em terra.


Bio

Daniel Duarte Pereira (Joanesburgo, 1987) é arquiteto pela Escola de Arquitetura da Universidade do Minho, Guimarães (2011), onde trabalhou como assistente convidado, bolseiro de investigação e está atualmente a desenvolver o seu doutoramento coorientado pela Vrije Universiteit em Bruxelas. Para além do seu trabalho académico, tem colaborado na produção de vários livros e exposições de arquitetura. É também cofundador da Space Transcribers, uma estrutura associativa que desenvolve projetos artísticos e culturais relacionados com a arquitetura, a cidade e o território. links: danielduartepereira.com ; spacetranscribers.com



Abstract
Architecture is primarily a terrestrial spatial practice. The discipline has been developing a body of knowledge based on earth-space forces and dynamics such as gravity and the breathing atmosphere.
This form of knowledge finds one of its spatial and disciplinary boundaries at the sensitive coastline, where land meets the sea. Water, the liquid and fluid matter that fills the vast expanse we call the ocean, requires a shift in how we approach, move, represent, and think about space.
Using Donna Haraway's concept of "situated knowledge" and considering that the architect's practice carries a terrestrial-bias when looking at the sea, in this SHARE session, I will present some of the methodological and disciplinary challenges I have encountered in my PhD research on how marine ecosystems, particularly seaweeds, can inform a way of constructive culture on land.


Bio
Daniel Duarte Pereira (Johannesburg, 1987) is an architect by the School of Architecture of the University of Minho, Guimarães (2011), where he has worked as an invited assistant, research scholar and is currently developing his PhD co-supervised by the Vrije Universiteit in Brussels. Besides his academic work, he has collaborated in the production of several architectural books and exhibitions. He is also co-founder of Space Transcribers, an NGO that designs socially-engaged projects related to architecture, city and territory. links: danielduartepereira.com ; spacetranscribers.com


Imagem Image
Mergulhadores da apanha de algas no Cabo Espichel, 1972.
Seaweed harvesting divers at Cabo Espichel, 1972.
Fonte/Source: Arquivo Municipal de Sesimbra.